Acessos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

OUTRO DIA

Querido papai do céu, olha eu aqui de novo.
Uma voz estranha me disse esta semana que
se pedirmos coisas pro senhor e
não fizermos nossa parte,
teremos que viver de novo depois que morrer.
Portanto (olha que palavra difícil que usei),
eu te peço papai do céu me deixa beijar a moça linda?
Se eu não conseguir fazer ela feliz,
te prometo que viverei quantas vezes o senhor quiser.
Logo depois outra voz ainda mais estranha
Toda envolta (outra palavra difícil) em uma fumaça preta
me disse que se não cumprir nosso compromisso,
o senhor nos manda para o inferno e
disse que lá é muito quente e os diabinhos
dão chicotadas na gente três vezes por dia.
Portanto de novo papai do céu, digo:
-- Não me incomodo de ir pra lá desde que
o senhor me deixe beijar a moça linda.
Papai do céu eu não quero ir pro inferno,
nem ficar morrendo e vivendo de novo um montão de vezes.
Mas se é assim que tem de ser, tudo bem.
Me deixa beijar a moça linda?



Hannaell Mendes
05/12/2010 – 2h51min

terça-feira, 23 de novembro de 2010

GENTE GRANDE

Querido papai do céu, já é noite de novo.
Estou aqui na minha caminha, no meu quartinho.
Fumando meu cigarrinho, sei que a fumaça te incomoda,
espero que seja só um pouquinho,
porque não quero que se zangue comigo,
por que apesar disso sou um menino bonzinho.
Obrigado por ter me dado mais um dia de vida.
Desejo que meu soninho venha logo,
não gosto de ficar rolando na cama pra lá e pra cá.
Querido papai do céu me da um soninho tranqüilo,
e se for sua vontade me deixa viver amanhã também.
Querido papai do céu me desculpe pelo mau jeito,
não é intenção minha ofender,
mas eu não quero só mais um dia lindo,
quero um dia muito mais que lindo.
Eu sei que o senhor anda muito ocupado,
mas mesmo assim sei que pode me ajudar.
Amanhã, se o senhor me deixar viver eu te peço com toda fé que consigo ter,
sei que ainda pode ser pouca,
mas já ouvi dizer que o pouco com o senhor é muito.
Então eu queria te pedir mais uma vez.
Me deixa amanha já ser um homenzinho
e poder beijar aquela moça linda que me faz
querer ser gente grande?
Eu sei que ainda falta muito pra mim crescer,
mas acho que o senhor pode resolver isso pra mim.
Não quero mais ser pequenininho!
Querido papai do céu, deixa eu crescer rapidinho pra poder beijar a moça linda?
Boa noite papai do céu!
Já estou com soninho.
Espero amanhã acordar crescidinho.
Sabendo que o senhor é bonzinho,
espero que deixe eu beijar a moça linda.
Boa noite papai do céu!




Hannaell Mendes
22/11/2010 – 00h58

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SEM PARAR

Eu só queria beijar a sua boca,
tocar o seu corpo.
Fazer amor uma noite inteira
e depois que a noite terminar,
beijar-te novamente ainda com o gosto do amor noturno,
tocar seu corpo de novo,
fazer amor um dia inteiro,
e quando uma nova noite chegar,
beijar-te outra vez, tocar seu corpo,
fazer amor mais uma noite inteira
e ao chegar do dia seguinte,
beijar-te outra vez,
tocar seu corpo
e fazer amor até o dia terminar,
e ao chegar outra noite
beijar-te mais uma vez,
tocar seu corpo,
fazer amor a noite inteira
até o dia clarear.
Embriagado de amor olhar-te nos olhos,
acariciar sua face,
alisar seus cabelos,
tocar seus seios,
beijar sua boca e te amar
até mais uma noite chegar.
E quando a primeira estrela no céu brilhar,
beijar tua boca,
acariciar seu corpo,
tocar seu seios,
beijar tua boca,
beijar tua boca,
acariciar seu corpo,
tocar seus seios,
e...



Hannaell Mendes
15/11/2010 – 00h50min

FOME

Encarcerado, agonizando,
algemado a quatro patas como uma fera voraz,
jogada num canto da câmara carcerária.
Meus gritos não ecoam mais,
meus gemidos nem mesmo eu posso ouvi-los.
Ouço passos em minha direção, cada vez mais fortes,
mais próximos...
Abandonado entre ratos e baratas,
dejetos e larvas que teimam em devorar minha carne
antes mesmo de meu coração parar de bater.
Os passos ficaram mais fortes e mais lentos.
Em meio à escuridão um minúsculo foco de luz toma forma,
começa expandir-se vagarosamente.
Em concomitância ouço sinos a dobrar.
Anjos a cantar.
Cessam os sinos!
Calam-se os anjos!
O pequeno foco já em sua forma,
adornado por uma resplandecente coroa, Brada!

- Sou o primeiro, causa única de todas as coisas.
- Consciência plena de tudo que há.
- Verdadeiro em toda sua plenitude.
- Além de mim não há mais ninguém.
- Vim a sua presença porque clamastes por mim.

Embriagado por aquela luz invasora que me queimava os olhos respondi:

Porque demorastes tanto?
Agora não careço mais de ti.

Brincalhão!
Vai-te!
Deixe-me aqui os vermes tem fome!



Hannaell Mendes
15/11/2010 – 00h33min

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Paginas em Branco

Na lembrança um vazio imenso,
um passado distante.

A busca no presente,
o inconsciente incessante,
o interesse constante de encontrar!

“EU”.

Em disparada repete-se na minha mente fleches do passado.
Fleches!...
Fleches mesmo...
Somente um clarão,
seguido de uma pesada e negra escuridão.
Paginas em branco de um grande livro aberto ao vento.

Paginas!

Paginas de um livro em branco...
Paginas de uma história vazia...

História que o tempo apagou...
História que talvez nunca existiu...

O presente em busca de respostas,
de uma história sem história,
escrita num misterioso livro de paginas em branco.



Hannaell Mendes
03/12/2003

Anjo

Uma flecha de luz,
rompe a escuridão.
Atravessa meu peito,
rasga meu coração!
Sinto-me adormecer,
meus olhos se fecham,
meu corpo cai ao chão!
Eu não quero ir,
mas não tenho opção!
Sinto o anjo negro
puxando-me pelas mãos...


Hannaell Mendes
17/06/2000

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

FESTA

Sangrando!
Risos e gargalhadas ao fundo,
são como punhaladas em meu peito.
A música que toca violenta meus ouvidos
sem nenhum pudor, nem piedade.
A angústia, cara a cara me sufoca com seu olhar sarcástico.
Em minha mente para amenizar a dor,
tento criar uma história que seja linda.
Mas a fragilidade do enredo, a música, os risos a angústia
finaliza-a mesmo antes de terminar a primeira frase.

- Tempo!!!

A música cessa.
Apenas vozes entre breves espasmos de silêncio.
Porem ambos armados golpeia meu peito.
Não há mais sangue em minhas veias.

- Tempo!!!

As vozes também se vão.
Mas o silêncio impiedoso continua a golpear.
Tento criar outras histórias,
mas todas morrem antes mesmo da primeira frase.
Em minha mente se forma apenas um,
emaranhado de frases incompletas a espera de uma história.
Mas hoje eu não consigo contar história alguma.
Acendo mais um cigarro e morro mais uma vez,
sozinho na escuridão do meu quarto.


Hannaell Mendes
11/10/2010 – 02h38min

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Noites

No meu quarto escuro...
A fumaça do meu cigarro em caracol,
Toma forma de fantasmas...
No rádio toca uma musica de amor.
No meu peito bate um coração dolorido.
Uma lágrima insiste em molhar minha face.
Na minha mente teu nome ecoa sem parar,
Como uma musica no repetir...
Num gemido involuntário,
Sufoco o grito de “EU TE AMO”.


Hannaell Mendes
30/08/2010 – 23h30min

Seis, Nove, Doze...

Entorpecido pelo álcool...
Gole a gole injetado na minha corrente sanguínea.
Embriagado pela fumaça do cigarro...
Que queima entre meus dedos.
Aspirada pelas minhas narinas,
Entre um trago e outro.
Enquanto bate no peito, meu coração dilacerado.
Rindo entre outros segurando nas mãos...
Cartas marcadas de um jogo melancólico,
Ocultando minha dor, impedindo as lagrimas,
Que de meus olhos querem saltar.
Num grito mudo que ecoa, dentro de mim,
Desejando a ausente presença de quem amo...

Dá-se inicio a mais uma partida, deste jogo,
Que já não mais importa, ganhar ou perder...


Hannaell Mendes
29/08/2010 – 17h20min

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Veneza

Tudo começou no parapeito...
No alto de um arranha-céu enquanto observava as luzes da grande cidade com sua dança magistral.
Luzes coloridas, muitas luzes de todas as cores e tamanhos.
O olhar noturno lá do alto é algo deveras inspirador.
Enquanto devaneava em pensamentos líricos e até mesmo fugazes a noite se rompeu como num piscar de olhos.
O sol invasivo rasgou o céu e as luzes coloridas se foram.
Já em terra firme a caminhar pelas ruas ainda um tanto embriagado, misturado ao frenético vai e vem dos habitantes da cidade colorida, agora dominada pela invasão dos potentes raios do invasivo sol a pino.
Letreiros pendurados, fachadas, informações, setas, sinais, porem nada compreensivo.
As pessoas se comunicam em um dialeto diferente, parece ser Libanês!
Não, não é possível deve ser japonês, talvez polonês.
Bem... Que seja!
Não havia nada a fazer a não ser caminhar e aguardar a noite chegar.
Mas não seria necessário também se comunicar?
Alias que bom seria!
Não!
Melhor esperar mais uma noite.
Amanhã talvez!
Quem sabe mais uma noite no parapeito, as luzes, a cidade, o sol invadindo a noite anunciando o amanhecer de mais um dia traga alguma inspiração.
Talvez!
Um dia alguém disse em bom português que em Veneza falava-se Inglês...
Ou será italiano?
Espanhol, talvez!


Hannaell Mendes
12/09/2010 – 12h40min

domingo, 11 de julho de 2010

Deixar de Subir

Toda campanha tem uma plataforma.
E esta pode ser a minha, a sua, a nossa!
E assim, depois de muito esperar,
Num dia como outro qualquer, decida triunfar...
Decida não esperar as oportunidades e sim,
Você mesmo buscá-las,
Decida ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decida ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decida ver cada noite como um mistério a resolver.
Decida ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Neste dia descubra que seu único rival,
Não seja ninguém mais que suas próprias limitações.
E que enfrentá-las é a única e melhor forma de suportá-las.
Neste dia, descubra que não é o melhor e que talvez nunca tivesse sido,
Deixe de se importar com quem ganha ou perde.
Importar-se-á simplesmente em saber melhor o que fazer.
Aprenda que o difícil não é chagar lá em cima e, sim, deixar de subir.
Aprenda que o melhor triunfo é poder chamar alguém de “amigo”.
Descubra que o amor é mais que um simples estado de enamoramento,
O amor é uma filosofia de vida.
Neste dia,
Deixe de ser um reflexo dos seus escassos triunfos,
E passe a ser uma tênue luz no presente.
Aprenda que de nada serve ser luz se não iluminar o caminhos dos demais.
Neste dia, decida trocar muitas coisas...
Neste dia, aprenda que os sonhos existem para tornarem-se realidades.
E, a partir deste dia,
Não dormir mais somente para descansar.
Mas também,
Simplesmente dormir para sonhar.


Walt Disney
Adaptação:
Hannaell Mendes
08/07/2010 – 12h30min

terça-feira, 6 de julho de 2010

Gingo

Hoje é domingo pé do cachimbo.
O cachimbo é de barro.
Bate no jarro...
Gingo!!!
Hoje eu queria ser careta, talvez ter um emprego.
Ganhar quatro mil por mês...
Acho feio o corcel, mesmo o 73...
Gostaria de ir ao “cinema” dar pipoca aos macacos...
No auge destes meus 21 anos, ir à feira...
O jarro é fino bate no sino.
O sino é de ouro bate no touro...
Abraçado com minha pequena de quarenta e poucos anos.
De cabelos desbotados e aparelho nos dentes...
Passear pelo zoológico, observar os elefantes e as jibóias...
Comprar tomates, acelga e acerola...
Almoçar num restaurante chinês, arroz frango e batatas fritas...
O touro é valente, bate na gente.
A gente é fraco cai no buraco...
No final do dia parar num carrinho de cachorro quente...
Destes de esquina e mesinhas na calçada...
Tomar uma água com gás...
Fazer um carinho no rosto da pequena...
Segurar na tua mão e ir para casa...
Ver um filme antigo apenas em duas cores...
Não rir e nem chorar...
Mas que sujeito chato sou eu...
Não acha nada engraçado...
O buraco é fundo.
Acabou-se o mundo...



Hannaell Mendes
04/07/2010 – 11h28min

domingo, 30 de maio de 2010

Simples assim...

Eu te olharei nos olhos...
Você simplesmente me olhará...
Eu te darei um sorriso...
Você simplesmente ficará me olhando...
Eu chegarei mais perto...
Você permanecerá imóvel...
Chegarei mais perto ainda...
Você continuará no mesmo lugar...
Teus olhos me condenarão.
Eu tentarei lhe dizer algo...
Minhas pernas tremerão...
Meu coração disparará e me sufocará...
Meus olhos fixos olharão nos teus...
Você continuará parada me olhando...
Sem esboçar nenhuma reação.
Minha voz tremula enfim sairá...
Baixinho, você mal conseguirá ouvir...
Meu corpo inteiro tremerá...
Minhas pernas ainda mais...
Mal conseguirei ficar em pé!
O som da minha voz...
Parecerá ser ouvido pelo mundo todo...
Mas você perguntará!
O quê?
Eu te direi, EU TE AMO.
Você continuará me olhando...
Simplesmente me olhando.
Minhas mãos tremulas e frias procurarão as tuas...
Neste momento estarei bem mais perto de você...
Minhas mãos encontrarão as tuas...
Que estarão quentes...
Tão quentes que parecerá queimar as minhas...
Aproximarei meu corpo do seu...
Meu rosto do teu rosto...
Minha boca da sua boca...
Você parada simplesmente me olhará...
Meus lábios tocarão os seus...
Neste momento você se moverá...
Suas mãos apertarão as minhas...
Seus braços envolverão meu corpo...
Seu corpo colará no meu...
O frio que estarei sentindo, será dominado pelo seu calor...
Seus lábios se moverão...
Colados nos meus...
Suavemente...
Acompanhará o movimento dos meus...
Uma lágrima escorrerá pelo meu rosto...
Nossos lábios se descolarão...
Olharei nos teus olhos...
Você olhará nos meus olhos...
Eu não direi nada...
Você continuará em silêncio...
Seus lábios aproximarão dos meus...
Nosso segundo beijo...
Enfim... Um sorriso seu...
Eu te direi novamente...
EU TE AMO...
Você respirará bem fundo...
Não dirá mais nada...
E nossos lábios se unirão novamente...


Hannaell Mendes
28/05/2010 – 12h30min

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ESTAÇÕES

Quando me quiseres não precisa dizer nada...
Apenas me abrace e me beije!
Colocarei meu mundo aos seus pés...
Farei de ti o centro do meu universo!
Meu mundo girar em torno de ti...
No céu do meu mundo farei de ti todos os astros...
Sol, lua, estrela...
Nas noites de inverno aquecerei seu corpo com o calor do meu!
No verão colocarei uma rede na varanda pra te amar sentindo a brisa da noite!
Na primavera colherei flores para lhe oferecer todas as manhãs!
No outono, caminharemos abraçados pelos parques...
De pés descalços pisando nas folhas secas caídas no chão!
E quando me quiseres não precisa dizer nada...
Apenas me abrace e me beije.


Hannaell Mendes
02/05/2010 – 12h03min

sexta-feira, 12 de março de 2010

Assim!

Foi...
Assim como deveria ser...
Mas quando era assim como é e deveria ser...
Nunca foi interessante... (Talvez por ser assim)
Um dia deixou de ser assim...
Assim como deveria ser...
Logo ficou interessante
Todos puderam vê-lo.

Concluiu... (Assim que deveria ser)
Não assim como deveria...

Surgirão oportunidades...
Conheceu pessoas que eram assim... (Como ele!)
Também conheceu pessoas que eram assim como ele... (Antes de ser assim!)

Conheceu alguém que gostou dele... Assim
Um dia esse alguém lhe disse. -- Gostaria que fosse assim...

Não como era!
Mas assim como deveria ser...
Uma duvida surgiu...

Mas ele também não gostava de ser assim como era!
Mas voltar a ser assim...
Assim como deveria ser...

Ah!
Voltou a ser assim...

Um sorriso se abriu...
Lágrimas rolaram!

Não era assim que deveria ser...
Deveria ser assim como foi...
Não assim como é.
Assim como era...

Voltou então a ser como foi... (Assim como deveria)
E não assim como deveria ser...

Foi, voltou, foi novamente, voltou outra vez e outras tantas mais...
Hoje não sabe mais quem possa ser!
Se é assim como deveria ser!
Ou assim como deveria...
Não como deveria!
Mas assim...

-- Pois é... Será que sabemos o que somos?

Só sabemos que somos assim...
Quando somos o que gostaríamos de ser, achamos que deveria ser assim...
O que seria de nós se fossemos o que deveria?!
Será que seriamos Felizes?
Ou será que gostaríamos de ser assim...

Ser é de fato um mistério...
Mistério que se revelará somente através da morte?
Será que a morte é o mistério da vida?
Ou a vida é o mistério que se revela através da morte?

RESPONDA SE PUDER...


Hannaell Mendes
09/02/2003 – 02h38min

quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma Bela Poesia...

Deve ser repleta de belas palavras carregadas de emoção e sabedoria (assim como viver a vida...)
Porem é preciso lembrar... Aquele que assim desejar deverá saber que como muitas vezes sorrimos para ocultar uma lágrima...
Também se escreve palavras lindas para ocultar a tristeza...
E que há sempre alguém que não compreende a metáfora...
Não observando o que ela oculta lança em nossas gargantas o amargo fel da ignorância...

O ser humano necessita fortalecer a cada milésimo de segundo...
Brindando a vida no instante que surge o sonho...
Celebrando a plenitude...
Bebendo o fel que é oferecido...
Transformando-o em dádivas...
Sorrindo... Sem remorso...
Na busca da Transformação...
Cativos a procura da Felicidade!
Cantando e dançando...
Enquanto no movimento de sua dança...
Naturalmente esquiva-se das flechas...
Que contra ele são lançadas!

Observemos a beleza natural e razão de ser de cada coisa!

A água da chuva!
A lágrima que rola!
O espinho... E a beleza da Rosa!
A alegria do presente... Na esperança do futuro!
A felicidade na sua individualidade... Na continuação do conjunto!
Porque o sorriso sem medo não carregado de egoísmo...
É isento de pecado!

A Vida é uma constante de aprendizado e tolerância!

Observando passivamente a vida que se move a sua volta!
Chegará sem dúvida ao amor e a humildade...
Aprendendo que é simples a complexidade da vida...
Que não se deve simplesmente passar por ela vivendo complexivamente sem compreender sua simplicidade!


Hannaell Mendes
31/08/2007 – 14h0min

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Novo Lar

     Um dia desse um amigo, lembrou-me de uma fase bem antiga, mais que batida. Possivelmente com a intenção de me ajudar (prefiro acreditar nesta opção), haja vista que sua intenção poderia ser mesmo de me julgar...
    Tanto faz.
     Lembrou-me o amigo: -- “Para entrar no reino dos céus num basta apenas não praticar o mal, a ausência de fazer o bem também não o habilita para ascender-se ao reino de Gloria e Paz eterna”. Confesso que fiquei feliz com a informação do amigo.
     A todos que simpatizam comigo e desejem encontrar-me após o fim dos tempos, já sabem onde me encontrar.
     O endereço exato não sei ainda...
     Mas vou dar-lhes uma boa referencia. Estarei em algum lugar entre o céu e o inferno.
     Quem quiser me visitar será um prazer recebê-lo em meu novo lar, porem já vou avisando certamente lá não terei ar condicionado, mais um ventiladorzinho (Brisa) contrabandeado do Paraguai “Made in China” creio que será possível. Então espero vocês lá!



Hannaell Mendes
Um dia como tantos outros

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sonho...

     Maldito seja aquele sonho. Por ele hoje sua carne apodrece, sua mente definha, um inferno fez-se em sua vida. Mil vezes preferia ter acordado sem lembranças. A manhã estava tão linda a chuva caia no telhado e o vento sacudia a vidraça.
     Maldita lembrança...
     Porque saiu a tua procura?
     Estava chovendo!
     Não deveria. Porque não esquece tudo?
     Precisa dormir novamente, sonhar um sonho diferente e acordar sem lembranças. Precisa de um sonho menos fatigante, este “maldito” arrasta-lhe a podridão.
     Porque desejou encontra-la?
     Enfrentou a chuva fria a tua procura?
     Porque entrou naquele lugar abençoado?
     Mas agora maldito... Maldito causador da sua desgraça e toda essa agonia.

     -- Ainda hoje quando lembra é como se retornasse naquele instante!

     Há viu linda... Esplendida no altar, havia luzes a tua volta, um sorriso singelo nos lábios. Teu olhar atravessou-lhe como um raio. Passos lentos na sua direção pôs-se a caminhar, braços estendidos, um desejo louco no olhar, teus lábios brilhavam.
     Queria lhe beijar...
     Tuas mãos tocaram as suas, seu corpo por um segundo gelou-se, no instante seguinte ardia em chamas. Pulsava-lhe no peito em disparada o coração. Foi tomado pela ansiedade e um desejo louco de também beijá-la. Apertou-lhe contra o peito sentiu-lhe o coração batendo por traz dos teus seios, aproximou teu olhos dos seus que lhe rasgaram como duas flechas de fogo, tua boca envolveu os seus lábios o sangue ferveu-lhe dentro das veias...
     O amor aconteceu!
     A escuridão invadiu os seus olhos.
     As lagrimas brotaram sem que pudesse conte-las.
     Despertou sozinho ao ouvir os sinos a dobrar.
     Saiu em disparada daquele lugar, onde não teve mais coragem de voltar. Desde então procura encontra-la nas ruas, em outros lugares, em outros corpos, em outros rostos, em outros olhares.
     Porque o mesmo amor que lhe enche de alegria quando vê na rua um rosto que lembra teu, ao chega às noites atira-lhe num abismo, solitário em profunda agonia?
     O desespero lhe invade todo instante!
     Precisa dormir, dormir e sonhar outro sonho!
     Precisa de coragem!
     Tem que voltar naquele lugar, mas sabe que ela esta lá, com aquele mesmo olhar, o mesmo sorriso, no mesmo lugar... Imóvel, fria!
     Mas ronda-lhe o medo de descer e beijar-lhe novamente.
     Não... Não quer, não pode. Esta apodrecendo...
     Não pode amá-la.
     Não assim, com essa força que pulsa no coração.
     Precisa dormir... Dormir e não mais acordar!
     ... Dormir, dormir e não mais acordar...




Hannaell Mendes
21/05/2007 - 0h27min

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Oração de um desesperado...

Gritos!
Gritos mudos ecoam em sua mente...
Ele, sujeito “O homem”...
Enlouquecido pergunta ao “Verbo”!
O silencio, apenas o silencio...
Na lixeira de seu cérebro perguntas e mais perguntas se acumulam repletas de silencio como respostas.
O verbo presente faz-se ausente mesmo diante da sua incontestável presença!
Em estado de embriagues transbordando lucidez o sujeito clama ao verbo.

Ele...

-- Um homem que desejou promover a paz, fazer pessoas felizes, realizar sonhos alheios e os seus também!

No ápice de uma crise existencial orou:

Desça sobre mim todo poder.
Desejo que seja de luz.
Na impossibilidade deste devido procedimentos divinamente burocráticos, seja bem vinda às trevas desde que esta me conceda todo poder e gloria.
Domínio e julgo sobre todos que eu desejar.
Que seja longo meu reinado
Sob meu domínio que dez milhões de joelhos dobrem diante mim.
A Cada um que dobrar, seja extenso meu gozo.
Após a queda do ultimo, seja eu informado, basta!
Seu reinado chegou ao fim.
Entregar-me-ei com súbito pesar se quiserem pregar-me numa cruz.
Se ao fogo for condenado que odor de minha carne em chamas, lavem os pecados daqueles que me levaram a loucura.

-- Este homem no ápice de sua crise existencial, orou assim...



Hannaell Mendes
25/02/2010 – 02h14min

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Lindo dia...

           O amanhecer entrou sorrateiro pela minha janela. Um raio de sol tocou suave meu rosto... Despertei.
           Minha boca estava doce (ao contrario dos outros dias), sempre acordava com um amargo horrível na garganta, mas naquele dia estava doce, suave, muito doce.
           A preguiça das manhãs, corpo surrado, dolorido... Naquele dia nada disso senti.
           Ergui meu corpo (leve naquele dia), bem diferente de outrora, sentei-me na cama, respirei fundo toquei meus pés descalços no chão frio, senti que algo me revigorava.
           Caminhei até janela fitei o horizonte, o sol da manhã rasgava o céu com um glamour jamais visto, saudei-o... Bom dia!!!.
           Parece ter compreendido, saudando-me de volta repetidas vezes... Bom dia... Bom dia... Bom dia...
           A cada vez parecia brilhar mais forte. Parecia sorrir... Um sorriso lindo, deixando amostra seus enormes e bancos dentes, que pareciam bailar dentro da sua boca... Caminhou firme céu a dentro.
           Algumas nuvenzinhas tentavam impedi-lo de avançar, mas imponente empurrava-as para o lado e seguia belo e radiante.
           Naquele dia não sai da janela, fiquei contemplado sol... As horas caminharam num ritmo descompassado, ora mais rápido, ora mais lento.
           O mundo parecia parado a minha volta, apenas o sol diante de mim desbravando o céu... Enquanto uma brisa suave tocava meu rosto, na minha mente passava em revista uma tranqüila avaliação existencial... Amizades, amores, momentos de risos, de lágrimas, relações perdidas... De forma sutil, praticamente irreal.
           Naquele dia nada me incomodou, foi tudo tão natural... Por mais irracional que possa parecer...
           O sol, venceu as nuvenzinhas, a brisa mansa que tocava meu rosto na janela cessou, a luz do generoso sol cedeu às trevas da noite, mas a lua adormecida não apareceu, o céu azul estava estrelado. O tempo descompassado parou... Meus olhos cerram-se...
          Foi assim...
          O dia em que eu morri...



Por... Hannaell Mendes
23/02/2010 – 16h16min

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Apenas uma estória sem graça...

          Em um reino não muito distante e nem tão encantado, um menino (plebeu)... Sagaz, porem sem nenhuma aspiração de realeza. O inverso dos outros meninos da sua idade (adoram brincar de príncipes e princesas, reis e rainhas), alimentando sonhos praticamente impossíveis, mas é assim, brincando que se encontram tesouros...
          Este menino diferente, (por mais que todo o reino não percebesse). Tranqüilo vivia entre os seus, consciente de sua condição. Borboletas era o seu fascínio... Divertia-se, capturando-as... Mas sempre com muito cuidado para não feri-las, não aprisionava nenhuma delas, gostava apenas de apreciar a beleza de suas cores.
         Entre seus dedinhos desnudos, as mantinha cativas somente o suficiente para memorizar os milimétricos detalhes que difere uma das outras (por mais parecidas que sejam aos olhos de um observador comum) – apenas segundos para ele era o suficiente.
          Mas um belo dia (era um belo dia, seria!) enquanto brincava entre as borboletas... Eis que um olhar fitou-o. Apenas um rosto, nele refletido a particularidade bela de todas as borboletas do universo (até mesmo as que nunca tiveram ao alcance de seus olhos de criança)... Toda beleza de suas borboletas, refletidos em um rosto de menina-mulher ou de uma mulher-menina... Em cada expressão a particularidade de uma borboleta.
          O menino então desejou toca-la, cumprindo os rituais de um plebeu ao encontrar a realeza, curvou-se solicitando autorização. A borboleta... Não! A menina! Não, não, a princesa... Não! A menina princesa, com cara de borboleta (ele ficou todo atrapalhado) Ela autorizou o toque do ingênuo menino. Mas antes que seus frágeis dedinhos pudessem tocar o rosto da princesa-borboleta, ao estalar de um galho seco... Voou...
          Toda beleza do mundo escapou diante de seus olhos antes que pudesse tocá-la. Agora o menino sentado à beira do caminho apenas observa as borboletas. -- Nelas não vê mais beleza alguma!
          Segue os dias e lá esta o menino no mesmo lugar enquanto voam a sua volta as borboletas descoloridas...
          O que teria ocorrido?
          Será que ao capturá-las inconsciente roubava-lhes a beleza?
          Não! Apenas observava, devolvia-lhes a liberdade em segundos!
          Aquele rosto misterioso, teria roubado-lhe a beleza de todas as borboletas que havia armazenado em sua mente ingênua de menino?
          Cheio de indagações e sem resposta alguma, vagueia entre as borboletas desprovidas de beleza, julgando a si mesmo.
          Era uma vez...



Hannaell Mendes
18/02/2010 – 22:29

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Amante da Lua

Sou eterno amante da lua (se não fosse impossível, preparava uma escada e iria lá no céu pra buscá-la).
Não sei se sou poeta, mas muito do que escrevi foi em ti (lua), que busquei minhas inspirações.
Adoro o silencio da noite, e em muitas, sonho acordado pensando no amor, vezes amando, outras tentando esquecer.
A esperança é algo que pulsa mesmo quando a vida deixa de animar a frágil maquina humana.
Portanto, mesmo quando o sopro da vida deixar de animar esta minha desajeitada e frágil maquina: Amarei a lua, inspirarei nela meus versos, e sonharei com o amor sob o silêncio da noite, até que um dia não seja mais preciso tentar esquecer quem amo, e quem sabe ainda neste dia a lua esteja cheia e eu possa vê-la caminhando em minha direção com seus logos cabelos e olhos negros, sorriso largo e encantador, vindo aninhar-se em meus braços. No silencio desta noite inspirada pela lua cheia, deixar florescer o amor entre nós.
Então nesta noite um pó de estrela cairá sobre nós...
A noite se calará ainda mais, apenas os lobos uivarão sob a luz da grande lua branca, saudando o nascimento de um eterno amor, nesta noite exceto os lobos, todos se calarão, as trevas da bela noite se dissiparão e com elas serão extintos todos os pesadelos. Cobertos por lindos sonhos despertaremos ao amanhecer.

< ... >

Hannaell Mendes
06/02/2010 – 16h14min

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pensamentos...

“ONTEM”
A felicidade bateu na minha porta. Eu estava no banheiro cagando, quando acabei de limpar meu RABO e fui atendê-la ela já estava virando a esquina abraçada com outro.

AMOR!?!
Sempre que me disponho a amar alguém. O Amor que sinto por você ressurge batendo forte dentro de mim. Até parece que ele não quer que eu ame mais ninguém.

TEMPO
Não importa quanto me restam: 1 segundo ou mais 40 anos de Vida. Quero apenas viver, fazer coisas boas, ser feliz, ajudar pessoas, neste tempo que me resta.

VITÓRIA
Meu objetivo não é mudar o mundo nem compreender as pessoas que nele vivem! Conseguir melhorar eu mesmo, e aceitar os outros e suas diferenças! Já será vitória!

ASSALTO
Hoje eu queria te encontrar, olhar nos teus olhos, invadir tua boca e roubar-lhe um Beijo!

SEMENTE
Talvez eu seja apenas uma semente, que adormecida apodrece no seio fértil da mãe terra...

JUSTIÇA
Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis... Ninguém consegue induzi-los a fazer... "JUSTIÇA". (Bertolt Brecht)


A METAMORFOSE CONTINUA...

Eu sou o seu sacrifício, a placa de contramão, o sangue no olhar do vampiro e as juras de maldição.
Eu sou a vela que acende, eu sou a luz que se apaga, eu sou à beira do abismo, eu sou o tudo e o nada. (Raul Seixas)

Talvez a vida, o amor, e a paz seja uma utopia! E a única verdade seja a guerra que travamos dentro e fora de nós mesmos: suicidas perambulando pelas vielas da vida.

Beijos muitas bocas sim... Não porque sou libertino. Mas, porque procuro encontrar em alguma delas... O que um dia encontrei em uma só...

Se eu tivesse coragem hoje ligaria pra você, marcaria um encontro. Olharia nos olhos e sem dizer nada... Beijaria sua boca!

COVARDES

Somente os covardes e fracos ajoelham e suplicam diante dos carrascos.
Tolos que esperam misericórdia sobre o que não tem mais solução...
Os homens verdadeiros e convictos de seus ideais tecem discursos, entoam hinos, declamam poesias...
Enquanto o pelotão dispara...
O assalpão baixa e a corda desloca seu pescoço e impeça de respirar...
O gás espalha pela câmara...
As labaredas sobem e cozinha sua carne...
A lamina desce e separa sua cabeça...


Hannaell Mendes
2010

sábado, 30 de janeiro de 2010

Orquestra dos Motores


Encolhido no seu buraco protegido por um gigante de ferro e concreto, agradavelmente passa as noites ao som da orquestra dos motores, embalado por suas canções de uma nota só, confortavelmente sobre uma placa de papelão que lhe protege da terra úmida, coberto por jornais, ainda com noticias fresquinha publicadas na edição do dia anterior. Noticia de primeira pagina: Senador é flagrado cobrando propina para liberar verbas destinadas à construção de casas populares. Noticia número dois: Confronto entre policia e traficantes deixa quinze mortos em favela (quatro crianças, oito trabalhadores inocentes, dois policiais e um traficante). Noticia número três: Após família tentar internação em quatro hospitais diferentes, trabalhador morre na porta de um hospital a espera de atendimento médico (ele pagava seu plano de saúde - SUS). Éh!! Se não fosse as noticias com iria se cobrir!?!
Tudo isso acontece enquanto descansa tranqüilo no seu buraco depois de um intenso dia de ociosidade... Claro, nem todos seus dias são ociosos, em alguns, seu estomago revoltado e persuadido pela anarquista fome obriga-lhe a caminhar por algumas horas, bater em algumas portas a procura de algo que possa acalmar a revolta anárquica de seu estomago. Outro dia conseguiu um copo de leite quente, mas não lhe caiu muito bem, dentro de seu estomago revoltado o leite coalhou logo... Humm!!! Não foi legal. Bem na maioria das vezes o que consegue e gosta muito são os pães. Alguns duros como pedras outros muxibentos, feito goma de mascar. Porem mediante a revolta de seu estomago instigado pela anárquica fome, costuma nem prestar atenção nestes detalhes. Então quase sempre quando o relógio da matriz bate meio dia, senta a beira da fonte encravada no meio da praça central. À noite e em épocas festivas ela (a fonte) tem suas luzes acesas e põe-se lançar bem alto, esguichos d´água, em perfeita harmonia, como se estivesse a dançar ao som da orquestra dos motores. Bom mas há esta hora ela apresenta-se calma, então apanha um pouco de suas águas e devora com prazer os pães secos, sempre alternando, uma mordida e um gole d´agua. Depois volta tranqüilo para o seu buraco. E quando a tarde anuncia a rendição do sol pela noite que lhe aconchega, mesmo seu estomago não estando em revolta engole com calma e em tirinhas os pães murchos (não gosta de deixá-los para o dia seguinte, podem endurecer e repetir pela manhã a cena do almoço do dia anterior, pode não ser legal). Então!!! Quando termina seu longo, cansativo e ocioso dia, descansa em paz no seu buraco sobre tua macia placa de papelão confortavelmente coberto com as noticias publicadas no dia que se seguiu.
Ah!!! Se ele pudesse...
Gosta tanto da orquestra...
Se não fosse esse seu revoltado estomago...
Instigado e dominado por esta anárquica fome...
Que lhe obriga a caminhar...
A bater palmas...
A tocar campainhas...
Em busca dos miseráveis pães, duros ou muxibentos...
Passaria sua vida inteira ali, sentado a beira do seu buraco, ouvindo a orquestra dos motores...


Hannaell Mendes
16/12/2009 – 01h35min
Texto publicado na Edição do Jornal Oeste Noticias, 19 de Dezembro de 2009

Sujeito Oculto

Cri, cri, cri, cri, cri...
Assim vai mais uma noite...
Tomada de assalto pelo dia...
Encurralada é vencida pela espada de luz...
Á golpes mortais desferidos pelas mãos hábeis do rei...
Desintegrada pelo fio da espada real, resta apenas seu sangue...
Em gotículas sobre as folhagens...
Chamam esse fenômeno de orvalho da manhã...
Que ironia!
Surge garbosa a manhã, tomando para si, a beleza e os méritos...
De uma noite bravia, que encurralada lutou até sua extinção...
Banhando com seu sangue a face da terra...
Uma morte heróica para gloria de uma intrusa...
Assim segue...
O soberano rei do alto de seu trono a tudo observando...
Insatisfeito com a displicência da soberba manhã..
Intolerante que é, envia sua guerreira para devida punição...
E às doze horas é assinada a vaidosa manhã...
À tarde vitoriosa segue entusiasmada pela conquista...
Vingado pela vitória de sua vassala, do alto de seu trono...
Garboso desfila todo seu poder e grandeza...
A vaidade - calcanhar de Aquiles de todo soberano...
Envaidecido, admirando os atributos de sua realeza...
Desperta atordoado ao ver o cair de sua vassala tarde...
Saca sua espada e luta com bravura para proteger seu reinado...
Mas é surpreendido pela vingança e vitalidade de uma nova noite...
Embainha sua espada e bate em retirada...
Traiçoeiro como a maioria dos líderes absolutos...
Utiliza-se das sombras desta novata e inexperiente noite...
Para traçar seu plano de vingança...
E em algumas horas surpreende-la com seus golpes mortais...


Hannaell Mendes
18/12/2009 – 11h41min
Texto Publicado no Jornal Oeste Notícias, Domingo dia 03 de Janeiro de 2010

A Voz Que Chama

Antes mesmo de abrir os olhos, sentiu uma brisa tocar de leve seu rosto, uma voz sussurrava suave em seus ouvidos. Seu coração disparou, o sangue ferveu dentro das veias, transpirar foi inevitável. Logo depois um calafrio... E a voz chamou mais alto.
Algo se aproximou...
Não vê, mas sente a presença, suas mãos lhe tocando; um soluço escapou-lhe e as lágrimas vieram como enxurrada escorrerá pelo rosto, não pode conte-las. Um vazio imenso foi se abrindo no peito, lembranças do passado, vieram à tona, como se fosse um filme de sua vida que passava detalhadamente. Assistiu-lhe criança inocente a brincar, seu Papai e sua Mamãe estavam lá. Pode ver-lhe crescendo, sonhando, sorrindo, descobrindo e decepcionando. Seus sonhos foram tão lindos, mas só foram sonhos. Passado a infância e adolescência, sentiu-se como um passarinho livre para voar sozinho, e voou, voou, voou... Muitas vezes caiu, mas voou novamente muito mais alto.
O filme passou até o dia atual... Estranho não narrava o momento que vivia, a voz então lhe chamou novamente. -- É hora de partir. Percebeu então o que ocorria, voltou-lhe os calafrios e algo mais, o sentimento do medo, ele não queria partir... Caiu então diante da voz e implorou que deixasse ficar. Disse a voz impiedosamente. -- Desprenda-se de tudo, agradeça o que conquistou, reconheça suas derrotas e partes comigo agora.
Nada mais lhe restava a não ser dizer: -- “Obrigado papai e mamãe por ter me conduzido até aqui, desculpe-me caso tenha sido ingrato em algum momento, irmãos me perdoem se algum dia desejei não tê-los. Estranhos que por ventura algum dia os ofendi peço desculpas. Os que me ofenderam aceito as suas, mesmo que não peçam. Amigos que me ampararam e me ajudaram a caminhar, meus sinceros agradecimentos. Minha filha querida, te amarei eternamente, desculpe-me princesa por não poder ficar mais um pouco. Minha esposa queria, desculpe-me se não consegui demonstrar o quanto te amei.
Tomado pela emoção faz seu ultimo pedido: -- Por favor, não digam a minha filha que seu pai foi um fracassado... Obrigado!”
Abraçado com a voz sentiu-se flutuar, escapando-se da vida, seu corpo cansado pode ver ficando para traz... Outras vozes se aproximaram e começaram a lhes acompanhar, algumas cantarolando outras a zombar...
Ainda olhou para traz e disse uma ultima frase: -- Se puderes um dia voltarei para contar...

Hannaell Mendes
14/06/1999 = 01:15:30
Texto publicado na Edição do Jornal Oeste Noticias, 13 de Fevereiro de 2010