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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SALADA

Cansado,
a lógica de seus pensamentos não faz mais sentido.
A cada passo dado sente o chão fugir de seus pés, e um novo abismo se abrir...
Por mais rápido que tenta caminhar em direção a luz, mas envolto na escuridão se vê...
Quanto mais procura a sensatez, mais incompreendido parece ser...
Quanto melhor tenta ser, menos consegue demonstrar...
O seu rosto já não é mais o mesmo.
Seus pensamentos e desejos por mais sem sentido que possa ser ainda são os mesmos...
Pensa todos os dias na felicidade, deseja todos esses mesmos dias,
encontrar o amor de sua vida (apesar de já tê-lo encontrado).
Mas seu rosto já não é mais o mesmo.
Perto de seu amor sente-se um gigante.
Quando o abraça sente-se uma criança.
Palavras!!!
Palavras são apenas conjuntos de símbolos.
De todos os conjuntos de símbolos que formam palavras,
os que mais gosta são os que formam o nome de sua amada e a palavra “eu te amo”.
Deseja-a como jamais fora desejada.
Pode dar-lhe tudo que negaram.
Ama como jamais fora e será amada.
Sabe que não pode lhe dar tudo que desejas.
Mas sabe que pode lhe dar tudo mais que se não for por ele jamais receberás.
Sabe que tudo que queres não é dele que desejas receber.
Então seguem a vida assim...
Sua amada recolhendo as migalhas que os outros podem lhe dar...
E ele do seu lado vendo sua amada, amada pela metade...



Hannaell Mendes
16/02/2011 – 22h04min

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Caixa de Sapatos

Alta madrugada calor intenso, chovia muito.
Os cães latiam intensamente, apenas os ruídos no portão incomodavam.
A chuva não cessava nem os cães e o barulho no portão.
Depois de muito tempo de espera e nada de calmaria, a única solução foi abrir a janela e expiar.
La estava encolhida num canto agarrada as grades do portão.
Ensopada de chuva e em prantos.
A luminosidade não era muito boa, mas reconheceu aqueles cabelos longos e negros, rosto fino e olhos arredondados, brilhantes embora cheios de lagrimas.
Ao ouvir o ruído da janela se abrindo levantou-se a cambalear segurando na grande, suas vestes esfarrapadas e molhadas de chuva, sem palavra alguma suplicava por auxilio.
Apanhou as chaves e destrancou o portão, desesperada entrou em soluços e tomou-o num abraço profundo.
Estava gelada!
Ofereceu-lhe um banho quente e roupas secas (as suas... é claro ficaram engraçadas nela).
Ofereceu alimento aceitou sem rodeios.
Conversaram por algum tempo, contou-lhe sobre o ocorrido, lamentou sua historia de vida e acrescentou que gostaria de escrever uma nova historia.
Ofereceu-lhe o pouco que possuía (seu lar) e todo seu amor.
Aceitou já cheia de certezas e um novo brilho no olhar.
Acariciou seus cabelos ainda molhados, olhou profundo e longamente nos teus olhos.
Escapou-lhe um sorriso e seus lábios se uniram em um longo e intenso beijo.
O beijo que esperará por anos a fio.
A chuva cessou os cães pararam de latir e o único barulho que se ouvia era de suas respirações e seus corações batendo dentro do peito.
Ainda hoje tem vivo na memória cada instante, cada toque, e o prazer explodindo dentro e fora de seus corpos.
A exaustão lhes dominou, mesmo percebendo que a manhã já havia chegado adormecer foi inevitável, só despertou no final da tarde pensando que tudo não passará de um sonho, mas olhando num canto do quarto lá estavam suas antigas vestes esfarrapadas e molhadas de chuva.
Apanhou-as e colocou-as para secar, depois guardou numa velha caixa de sapatos...



Hannaell Mendes
06/02/2011 – 02h35min