Encarcerado, agonizando,
algemado a quatro patas como uma fera voraz,
jogada num canto da câmara carcerária.
Meus gritos não ecoam mais,
meus gemidos nem mesmo eu posso ouvi-los.
Ouço passos em minha direção, cada vez mais fortes,
mais próximos...
Abandonado entre ratos e baratas,
dejetos e larvas que teimam em devorar minha carne
antes mesmo de meu coração parar de bater.
Os passos ficaram mais fortes e mais lentos.
Em meio à escuridão um minúsculo foco de luz toma forma,
começa expandir-se vagarosamente.
Em concomitância ouço sinos a dobrar.
Anjos a cantar.
Cessam os sinos!
Calam-se os anjos!
O pequeno foco já em sua forma,
adornado por uma resplandecente coroa, Brada!
- Sou o primeiro, causa única de todas as coisas.
- Consciência plena de tudo que há.
- Verdadeiro em toda sua plenitude.
- Além de mim não há mais ninguém.
- Vim a sua presença porque clamastes por mim.
Embriagado por aquela luz invasora que me queimava os olhos respondi:
Porque demorastes tanto?
Agora não careço mais de ti.
Brincalhão!
Vai-te!
Deixe-me aqui os vermes tem fome!
Hannaell Mendes
15/11/2010 – 00h33min
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