Quando criança por volta dos sete, oito anos ainda não sabia nadar. Sonhei com uma linda menina, ela tinha o rosto parecido com o seu, a boca igual a sua, os olhos, cabelos o corpo, tudo idêntico a você.
Banhávamos num pequeno riacho, a menina olhava e sorria pra mim. Eu sempre nos lugares mais rasos, pois ainda não sabia nadar. A menina sabia, por tanto explorava águas mais profundas, por alguns instantes desviará meu olhar, pois um inseto me picará. Quando voltará para menina percebi que estava por afogar-se, de súbito mergulhei em direção a ela e como um peixe nadei, arrastei-a para margem, desfalecida deitei-a na areia, esbaforido desabotoei sua blusa, seus seios ficaram expostos; iguaizinhos os teus. Coloquei minha pequena mãozinha entre os dois e comecei a flexionar, ela não reagia, então inspirei o máximo de ar que pude armazenar em meus amiudados pulmões, encostei meus lábios nos seus e soprei forte: uma, duas, três vezes e novamente voltei a flexionar bem forte minhas mãos entre seus lindos seios. Ela recobrou os sentidos, olhou fixamente em meus olhos sorriu e me disse: “me espera!”
Acordei aos prantos com mamãe a beira de minha cama me sacudindo, interrogando-me desesperada. Eu suava e tremia muito!
Desde então roubará minha paz, todos os dias vinha em meus sonhos parava diante de mim olhava-me fixamente e perguntava: “Me espera?”
Eu simplesmente ficava olhando pra ela e admirando sua beleza impar, até que um dia tomei coragem e perguntei quem era ela, em duas palavras me respondeu – sua felicidade! Quase todas as noites ela vinha.
Quando tinha cerca dez anos a menina desaparecerá. Voltará por volta dos treze, seu sorriso e seus olhos brilhavam como nunca brilhará, uma luz há envolvia por inteiro, me olhou fixamente e disse: “estou chegando.” Tocou meus lábios com as pontas dos dedos, desfaleci e acordei em profundos soluços, agarrado ao meu travesseiro.
Logo depois de completar quatorze anos ela veio novamente e disse: “me espera já cheguei; não viaje para longe, logo iremos nos encontrar. Eu necessito que você me ajude a encontrar a mim mesma!” e desapareceu novamente. Passaram-se muitos anos de nosso tempo e a menina dos meus sonhos não mais apareceu, mas eu nunca deixei de lembrá-la, principalmente na hora de recolher-me, o toque de seus dedos nos meus lábios, toda vez que me lembrava dela era como se voltasse ao instante que me tocará.
O tempo aos passos do tempo sem contar o tempo que se espera o tempo passar, eu sempre a me lembrar da menina até ao ouvir alguém pronunciar a palavra “felicidade”. Mas ela nunca mais veio me visitar.
Passando o tempo que conta o tempo que marca às horas que faz o tempo passar. Desejei todo tempo encontrar a felicidade.
Em busca da "felicidade" passei muito tempo do meu tempo abraçando e beijando falsas felicidades. No desespero de encontra-la fui magoado e traído por diversas infelicidades, amarguei a angustia e sofri de saudades da minha felicidade. Já passado muito tempo que conta o tempo do tempo de vivencia que se diz às vezes fora do tempo alem da idade.
Num dia ensolarado e muito quente mergulhado em empilhadas de tarefas, angustiado pelo trabalho uma brisa fria quase gelada soprou-me nos ouvidos: pare! É hora de sonhar preciso lhe falar, deixei tudo por fazer fui embora era apenas duas horas da tarde, mesmo assim fui acometido de um profundo sono e fui me deitar. Tão logo adormeci a "felicidade" chegou. Que saudade daqueles olhos, aquele rosto. Sorrindo olhou-me fixamente, segurei suas mãos bem forte com medo de que fosse embora, apertou as minhas mãos, aproximou seu corpo do meu e me envolveu em um forte e extenso abraço, seus lábios tocaram os meus num beijo ardente e cheio de amor. Senti seu coração pulsando por traz de teus seios, seu corpo em chamas a me queimar. Disse-me: obrigado por me esperar, esteja pronto amanhã vamos nos encontrar.
E assim se fez no dia seguinte em meio tanta gente lá estava ela, linda como sempre, nossos olhares se cruzaram. Eu esperei, desejei tanto este dia, pensei que viria correndo para mim e saltaria em meus braços e como loucos nos amariamos. Mas eu nem peguei em suas mãos, não ficou parada diante de mim olhando fixo nos meus olhos, eu não a abracei, o seu corpo não se encostou ao meu, não beijei sua boca.
Ao tempo que não para de contar o tempo que marcam as horas do tempo que passa, fomos apresentados como estranhos.
Passeamos juntos em parques e praças, tomamos sorvetes juntos, bebemos, nos embriagamos, rimos e choramos juntos, caminhamos descalços na areia e pisamos na grama molhada dos canteiros que separas as duas vias das avenidas. Tomamos banhos de chuva e contamos estrelas numa noite nublada.
O tempo que conta às horas que somam meu tempo, já esta por parar de contar o meu tempo, que o tempo concedeu-me...
Mas tenho a impressão de que ela não me reconheceu.
Hannaell Mendes
07/01/2012 – 02h23min