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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

AVE DE AGOURO

Emputecido pelas mazelas que calcam meus ombros de forma covarde e sem pudor, aprisionado na escuridão que sobrepõe o enfraquecido lampejo de minha alma, defronte a latrina sobre sua tampa abaixada vomito compulsivamente palavras sem nexos em dias vazio de paginas amareladas de uma velha agenda de anos passados, numa desesperadora tentativa de encontrar soluções para o que parece insolúvel.

Brutalmente insultado pelos fantasmas que se desenham a minha volta, formados pela fumaça do meu cigarro: os quais, mastigo suas bitucas e as dispenso ao chão em sonoras e cusparadas.

Parte ainda sã de minha mente mantém o precário funcionamento de meus órgãos. Exausto com a infrutífera busca, opto por abandonar o fétido cubículo e passear por um abandonado bosque próximo de casa.

Já em pleno passeio sentindo a brisa calma que toca meu rosto, percebi-me atraído pelo fúnebre gorjear de um estranho pássaro desconfortavelmente acomodado nos secos galhos de uma arvore sem vida. Paro a observá-lo.

Sub a arvore os restos de um banco corroído por cupins, esgueiro-me entre galhos secos de pequenos arbustos nascidos de sementes encubadas no solo ou semeadas por pássaros distraídos e brotaram devido ao longo tempo sem zelo. Sento-me nos restos de banco apodrecido bem embaixo do galho que se assenta o funesto pássaro.

Ao erguer a rosto para observá-lo, senti um violento impacto contra minha testa como se fora uma incandescente bala de fuzil atravessando minha fronte. Percebi um liquido quente, gosmento, esverdeado e fétido escorrer pela minha face. O maldito e fúnebre pássaro defecara em minha cabeça, mediante tão calorosa recepção, desisto da visitação ao abandonado bosque e volto a caminhar pelas ruas em direção minha casa, enlameado pelos dejetos da funesta ave de agouro.

Ainda sem nenhuma aparente solução, apenas a certeza de que necessito de um banho.



Hannaell Mendes
14/02/2012 – 02h25min

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