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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Simplesmente "MAÇÃ"

Enquanto gira o compasso da vida, vamos nos descobrindo gradativamente. Ainda era criança quando percebi que gostava de maçã, desde então a busca pela fruta tornou-se uma constante, mas logo descobri que a fruta era rara, não era fácil conseguir uma.
Então comer maçãs passou a ser meu mais profundo desejo. Sonhava todas as noites mordiscando uma maçã, acordava nas madrugadas de minha infância muitas vezes suando frio. Outras vezes o sono demorava a chegar, pensando em maçãs.
Sem nunca ter mordido uma, sabia qual seu sabor, seu cheiro, sem nunca ter tocado já sabia como tocá-las, como saboreá-la: tanto que quando meus lábios tocaram pela primeira vez uma maçã senti uma sensação tão maravilhosa que parecia estar flutuando, seu gosto invadirá minha boca e tomou-me por inteiro. Desde então não podia mais viver sem comer maçã, tornei-me um apreciador nato.
No compasso da vida muitas maçãs eu provei, até que um dia encontrei uma espécie raríssima, tão rara que na arvore havia apenas uma fruta, mas estava tão alto que minhas mãos não pode alcançá-la os galhos tão altos e finos não suportariam meu pesado corpo para colhê-la e por mais que insistisse seria inevitável a queda, e meu corpo envelhecido pelo compasso da vida não suportaria.
Percebi então que comer maçãs simplesmente por comê-las já não mais me satisfazia. Por varias vezes comi uma dúzia em uma só semana. Mas isso já não mais bastava, eu queria aquela, somente aquela. Mas como apanhá-la, desde então passo os dias aos pés da macieira a observá-la.
Desespero-me ao ver os insetos e aves a mordiscá-la. Hoje me sinto estranho tenho vontade de comer maçãs todos os dias, mas não tenho coragem de ir à feira tenho receio de que minha maçã desejada desprenda-se do galho e eu não esteja por perto para colhê-la ou um inseto qualquer tome posse dela.
Há sempre uma maçã ao alcance de nossas mãos, mas esta a gente não quer, eu só quero você e se não posso te ter, não interesso por outra, por mais viçosa que seja.
 
 
Hannaell Mendes
25/12/2011 – 3h50min

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