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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Cavalo "Branco"

Quando criança ainda, depois de observa-me por dias, talvez meses até mesmo anos. Num dia de domingo depois da missa matinal a caminho de casa minha mãe, meus quatro irmãos (dois meninos e duas meninas), ela “minha mãe” adiantou-se um pouco com meus irmãos enquanto eu caminhava mais lentamente, logo meus irmãos sumiram na curva do caminho, eu acompanhei-a mesmo caminhando muito lento.
Mulher um tanto rústica (embrutecida pela lida, inculta “aparentemente”, mal talhada) como era de costume os vizinhos dizerem. Pegou suave em minha mão e caminhou lentamente ao meu lado por um longo trecho do caminho até que de súbito parou sub a sombra de um arvoredo fincado a beira da estrada. Sentou-se num barranco, respirou fundo tomou-me a outra mão fitou-me com um olhar de suprema sabedoria e confiança (como jamais haverá visto). Estática por algum tempo, rompeu o silencio com a seguinte frase: Filho eu te amo! Respirou novamente e prosseguiu: “Contos de fadas, príncipes encantados montados em cavalos brancos só existem para meninas; mas de fato trata-se apenas de uma fantasia. Não existem... quisera princesas!
Estou certo que minha mãe equivocou-se. Ela não há conhecia. Acertou pelo cavalo, não foi montada em um que surgiste em minha vida, fato.
Desde o dia que apareceste desprovida do cavalo “branco” tenho contestado a sabedoria de minha rústica mãezinha. Mas somente pela simples ignorância de não ter compreendido a metáfora.
“O que não existe é apenas o cavalo branco”.
Minha princesa é real (claro não chegaste envolta em vestes bordas a ouro e prata, ornada de penduricalhos de pedras preciosas, nem ostentava uma cora sobre a cabeça).
Mas para viver, tornar real esta fantasia é preciso dar vida ao cavalo, arrancá-lo das linhas que forma a metafórica frase.
Temo abraçar-me com a escuridão sem decifrar tão simples enigma. Só descobri-lo quão fácil quando minhas mãos não puderem mais tocá-la.
Eu queria ter coragem de despir-me da minha covardia e marchar até ela. Sentir medo, as pernas bambear, faltar-me o ar, em concomitância sentir frio e calor, os batimentos cardíacos elevarem-se, sentir a pressão cair, quase desfalecer. Mas mesmo assim olhá-la fixamente sem palavras arriscar, roubar-te num beijo.
 

Hannaell Mendes
04/01/2013 – 0h38min

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