Quando
criança ainda, depois de observa-me por dias, talvez meses até mesmo anos. Num
dia de domingo depois da missa matinal a caminho de casa minha mãe, meus quatro
irmãos (dois meninos e duas meninas), ela “minha mãe” adiantou-se um pouco com
meus irmãos enquanto eu caminhava mais lentamente, logo meus irmãos sumiram na
curva do caminho, eu acompanhei-a mesmo caminhando muito lento.
Mulher
um tanto rústica (embrutecida pela lida, inculta “aparentemente”, mal talhada)
como era de costume os vizinhos dizerem. Pegou suave em minha mão e caminhou
lentamente ao meu lado por um longo trecho do caminho até que de súbito parou
sub a sombra de um arvoredo fincado a beira da estrada. Sentou-se num barranco,
respirou fundo tomou-me a outra mão fitou-me com um olhar de suprema sabedoria
e confiança (como jamais haverá visto). Estática por algum tempo, rompeu o
silencio com a seguinte frase: Filho eu te amo! Respirou novamente e
prosseguiu: “Contos de fadas, príncipes encantados montados em cavalos brancos
só existem para meninas; mas de fato trata-se apenas de uma fantasia. Não
existem... quisera princesas!
Estou
certo que minha mãe equivocou-se. Ela não há conhecia. Acertou pelo cavalo, não
foi montada em um que surgiste em minha vida, fato.
Desde
o dia que apareceste desprovida do cavalo “branco” tenho contestado a sabedoria
de minha rústica mãezinha. Mas somente pela simples ignorância de não ter
compreendido a metáfora.
“O
que não existe é apenas o cavalo branco”.
Minha
princesa é real (claro não chegaste envolta
em vestes bordas a ouro e prata, ornada de penduricalhos de pedras preciosas, nem
ostentava uma cora sobre a cabeça).
Mas
para viver, tornar real esta fantasia é preciso dar vida ao cavalo, arrancá-lo
das linhas que forma a metafórica frase.
Temo
abraçar-me com a escuridão sem decifrar tão simples enigma. Só descobri-lo quão
fácil quando minhas mãos não puderem mais tocá-la.
Eu
queria ter coragem de despir-me da minha covardia e marchar até ela. Sentir medo,
as pernas bambear, faltar-me o ar, em concomitância sentir frio e calor, os
batimentos cardíacos elevarem-se, sentir a pressão cair, quase desfalecer. Mas
mesmo assim olhá-la fixamente sem palavras arriscar, roubar-te num beijo.
Hannaell
Mendes
04/01/2013
– 0h38min
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