Maldito seja aquele sonho. Por ele hoje sua carne apodrece, sua mente definha, um inferno fez-se em sua vida. Mil vezes preferia ter acordado sem lembranças. A manhã estava tão linda a chuva caia no telhado e o vento sacudia a vidraça.
Maldita lembrança...
Porque saiu a tua procura?
Estava chovendo!
Não deveria. Porque não esquece tudo?
Precisa dormir novamente, sonhar um sonho diferente e acordar sem lembranças. Precisa de um sonho menos fatigante, este “maldito” arrasta-lhe a podridão.
Porque desejou encontra-la?
Enfrentou a chuva fria a tua procura?
Porque entrou naquele lugar abençoado?
Mas agora maldito... Maldito causador da sua desgraça e toda essa agonia.
-- Ainda hoje quando lembra é como se retornasse naquele instante!
Há viu linda... Esplendida no altar, havia luzes a tua volta, um sorriso singelo nos lábios. Teu olhar atravessou-lhe como um raio. Passos lentos na sua direção pôs-se a caminhar, braços estendidos, um desejo louco no olhar, teus lábios brilhavam.
Queria lhe beijar...
Tuas mãos tocaram as suas, seu corpo por um segundo gelou-se, no instante seguinte ardia em chamas. Pulsava-lhe no peito em disparada o coração. Foi tomado pela ansiedade e um desejo louco de também beijá-la. Apertou-lhe contra o peito sentiu-lhe o coração batendo por traz dos teus seios, aproximou teu olhos dos seus que lhe rasgaram como duas flechas de fogo, tua boca envolveu os seus lábios o sangue ferveu-lhe dentro das veias...
O amor aconteceu!
A escuridão invadiu os seus olhos.
As lagrimas brotaram sem que pudesse conte-las.
Despertou sozinho ao ouvir os sinos a dobrar.
Saiu em disparada daquele lugar, onde não teve mais coragem de voltar. Desde então procura encontra-la nas ruas, em outros lugares, em outros corpos, em outros rostos, em outros olhares.
Porque o mesmo amor que lhe enche de alegria quando vê na rua um rosto que lembra teu, ao chega às noites atira-lhe num abismo, solitário em profunda agonia?
O desespero lhe invade todo instante!
Precisa dormir, dormir e sonhar outro sonho!
Precisa de coragem!
Tem que voltar naquele lugar, mas sabe que ela esta lá, com aquele mesmo olhar, o mesmo sorriso, no mesmo lugar... Imóvel, fria!
Mas ronda-lhe o medo de descer e beijar-lhe novamente.
Não... Não quer, não pode. Esta apodrecendo...
Não pode amá-la.
Não assim, com essa força que pulsa no coração.
Precisa dormir... Dormir e não mais acordar!
... Dormir, dormir e não mais acordar...
Hannaell Mendes
21/05/2007 - 0h27min