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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Contraditório estranho jeito de Orar

             Aos olhos desatentos às vezes pareço uma besta fera olhos grandes garras afiadas, dentes pontiagudos a espreita prestes a atacar.
             Aos cuidadosos que se predispõem a observar-me um pouco mais; um brinde... Alvido como a lã de um rebanho ou como uma vasta plantação de tecido ainda in-natura, revelo-me como sou.
            Confesso que eu mesmo me distraio, e muitas vezes me surpreendo a orar, orar em agradecimento, em beneficio ao próximo, ao distanciamento do inimigo. Orações tão lindas e às vezes muito assustadoras, hoje mesmo assim sem querer caminhando solo entre portas que dão passagem aos cômodos de meu lar, percebi-me a orar... uma oração estranha, talvez assustadora, até mesmo indecifrável para alguns, mas ao final compreendi tudo e fiquei triste... a alvidez de minha alma pareceu-me comprometida. Eis a tal oração:

                            “Senhor, mestre de toda grandeza e benevolência irrefutável, socorrei os fantasmas que me assombram, acolhei em teu lar, amenizai a fadiga daqueles que me perseguem e contra mim proferem injurias. Abraçai-vos e beijai na face com toda sua virtude aqueles que rangem os dentes quando ouve meu nome, vê minha imagem, tens noticias de que avancei um degrau a mais sem sua ajuda e ainda levando o peso árduo que me lançaste nos ombros a titulo de obstáculo para que meu êxito não fosse atingido.
                            Senhor tende piedade dessas almas ainda tão limitadas. Ocupai-as com outras vitórias mesmo que pueris para que comece a perceber o que é felicidade, mesmo que transitória, mas que as ocupe, distraia, e meu caminho fique livre e menos tortuoso, pois também sou teu filho.
                           Pai peço-lhe perdão, por outro dia ter rezado assim: Senhor precipitai o fim deste macabro espetáculo dirigido por tais almas carentes de amor, limitadas da perspicácia artística, que descarta criatividade do artista que se entrega ao seu comando. Fazei baixar as cortinas, abreviando essa cena ridícula, e que o silencio da platéia penetre como espada afiada rasgando o peito destes maus regentes, que o sangue de seus corações dilacerados suba as suas gargantas e façam sentir o amargo de suas almas, sufoque-os até não mais respirar. Mas por favor, salve os artistas que padecem regidos por estas almas falidas... Mas se não puder, foda-se”.

            Foi assim que rezei naquele dia, e rezando hoje me lembre e percebi-me pedindo perdão ao senhor pelo momento de fraqueza. Então rezei outra oração tão pura e tão singela quanto à outra:

                            Pai abençoe todos aqueles se sentem incomodados com minha existência, não precisa convencê-los de que sou bom e não estou para competir, basta ocupá-los de tal forma que não encontrem tempo para lembrar-se de mim. E quando por acaso nos encontrar novamente esteja tão felizes que a inveja que sentem hoje já tenha morrido e o meu sucesso não os incomode mais. Amem...
 
Hannaell Mendes
04/07/2013 – 20h01min

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